Tenho feito “lives” semanais no TikTok, em que canto minhas canções de uma forma intimista, voz e violão. Esses encontros me fizeram querer gravar algumas das minhas canções lançadas por outros artistas e que eu ainda não tinha registrado num álbum, como “O que quer dizer?”, lançada por Miúcha nos anos 70, “Mais um bolero”, por Adriana Calcanhotto nos 90, e “Toda criança quer”, gravada pela “Palavra Cantada”.
No repertório há, também, “Brigitte Bardot” e “Deuses e homens”, gravadas originalmente, nos álbuns “Blues 55” (2004) e “Sobre as Ondas” (1995).
Fiz um álbum com a base, voz e violão, gravados juntos, o que nunca havia feito antes, inteiramente. E, só depois, acrescentei os saxes e a flauta de Marcelo Monteiro; o trompete e o flugelhorn de Claudio Faria; os teclados de Pipo Pegoraro, também produtor musical do álbum, e as vozes de Kika Carvalho. E todos brilharam nas suas intervenções.
Portanto, minha atividade no TikTok, onde tenho alguns milhares de seguidores, explica, também, a ironia intencional do título do álbum: DESCONECTADO?, palavra tirada de “Anacrônico”, faixa de abertura, composta recentemente.
Muito me agrada o tom geral intimista que resultou dessas gravações, numa época de tanto alarde, dentro e fora da internet.
E tive o privilégio de ter a capa realizada pelo artista Rico Lins!
Por Péricles Cavalcanti.
A primeira música de Péricles Cavalcanti, “Quem nasceu?”, foi gravada em 1974, por Gal Costa no disco “Temporada de Verão”, há 50 anos!
Agora, o artista lança mais um álbum: DESCONECTADO?, que o confirma como um dos grandes compositores da música popular brasileira.
O antropólogo Roberto Pinho, idealizador do Museu da Língua Portuguesa em SP, disse sobre Péricles Cavalcanti: “Começo por afirmar que sua música é da maior importância não apenas para a história da MPB, como da própria cultura brasileira. E o criador, Péricles, é de onde brotou essa criação personalizada ímpar, única, inigualável. A harmonia entre forma e conteúdo, a linguagem apurada no contexto possibilitado pela nossa língua portuguesa, o refinamento melódico extraído das palavras, tudo isso estabelece uma marca, um estilo logo reconhecível como seu. A poesia resultante da sua criatividade poética é do mais alto valor. A força das imagens e a profunda emoção que sua mensagem provoca é atestado da qualidade da sua origem: a dos divinos trovadores situados nas origens da nossa cultura de língua portuguesa, hoje mestiça e ampla. A obra de Péricles se expressa através das várias manifestações da cultura e da arte. Não só pela música como pela literatura, pela filosofia, pelo fazer poético.”
Péricles já foi gravado por artistas como Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhotto, Cássia Eller, Miúcha, Simone, Jussara Silveira, Arrigo Barnabé, Palavra Cantada, Céu, Mallu Magalhães, Tulipa Ruiz, Karina Buhr, Nina Becker, Blubell, Bárbara Eugênia, Marietta Vital, Mairah Rocha, Iara Rennó, Anelis Assumpção, Serena Assumpção, Juliana Kehl, Ava Rocha, Tiê e Juliana Perdigão, pela cantora portuguesa Cristina Branco, entre outros.